segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A educação voltada para a auto-reflexão, formação, ao respeito, a civilização, ao amor, a autonomia...

Segundo o Adorno de Auschwitz:“Devemos trabalhar contra essa inconsciência, devem os homens ser dissuadidos de, carentes de reflexão sobre atacarem si mesmos, os outros. A educação só teria pleno sentido como educação para a auto-reflexão crítica. Dado todavia que, como mostra a psicologia profunda, os caracteres em geral, mesmo os que no decorres da existência chegam a perpetrar os crimes, já se formam na primeira infância, uma educação que queira evitar a reincidência haverá de concentrar na primeira infância.”
Conforme Kant: “A disciplina é o que impede ao homem de desviar-se do seu destino, de desviar-se da humanidade, através de suas inclinações animais. Ela deve, por exemplo, contê-lo, de modo que não se lance ao perigo como um animal feroz, ou como um estúpido. A disciplina, porém, é puramente negativa, porque é o tratamento através do qual se tira do homem a sua selvageria; a instrução, pelo contrário, é a parte positiva da educação.”
“A selvageria consiste na independência de qualquer lei. A disciplina submete o homem às leis da humanidade e começa a fazê-lo sentir a força das próprias leis. Mas isso deve acontecer bem cedo. Assim as crianças são mandadas cedo à escola, não para que aí aprendam alguma coisa, mas para que aí se acostumem a ficar sentadas tranquilamente e a obedecer pontualmente àquilo que lhes é mandado, a fim de que no futuro elas não sigam de fato e imediatamente cada um de seus caprichos.”
Enquanto educadora, concordo com as colocações acima de ambos os autores, pois uma complementa a outra. A falta de disciplina é o mal pior que falta de cultura, pois essa pode ser remediada mais tarde, a passo que não se pode abolir o estado de selvageria e corrigir o defeito de disciplina. Disciplina e instrução “sim” é o que fará a natureza humana sempre melhor desenvolvida e aprimorada, é o que chamamos de educação.
Na última colocação é uma teoria que muito aplico na prática, porém é preciso respeitar o desenvolvimento do meu aluno, por ser um ser integrado. Evito atitudes de autoritarismo, que impeça meu aluno de se locomover e dialogar, incentivando-o ao respeito mútuo, visto que precisamos, no social, interagir com liberdade e cooperativismo. Parte de mim então, instruir e explicar as importantes regras de convivência, estas que estão sendo trabalhadas desde o início de sua formação.
Concordo quando Kant explicita: “O homem tem necessidade de cuidados e de formação. A formação compreende a disciplina e a instrução.”
O indivíduo que é bem instruído desde cedo, no futuro saberá contornar com coerência suas atitudes, ou seja, essa instrução aumentaria as possibilidades da humanidade ser aprimorada. Com isso, há os valores de autonomia e autodeterminação no desenvolvimento.
Conforme o Adorno de Auschwitz, o que se pretende na educação é a autonomia que é a auto-reflexão crítica, que conduz a autodeterminação, ou seja, a conscientização das atitudes, com posse de liberdade com responsabilidade de fazer escolhas e saber lidar com as mesmas.
Segundo Kant: “O homem não pode se tornar um verdadeiro homem se não pela educação”, isso significa que só a educação poderá estimular no indivíduo a capacidade de reflexão e dar suporte para a condição de vida plena, onde o respeito e o cooperativismo são bases para a formação de uma sociedade mais justa.
Os dois autores afirmam que à educação conduz a autonomia, e ela será conseguida com a formação de valores sociais, culturais e espirituais que buscam o lado positivo da maneira de ser do individuo.
E que estes indivíduos desempenham a capacidade de refletir e se determinar para a tomada de decisões, formando assim uma mentalidade racional e sensata. E esta educação levará a humanidade à felicidade e a superação de desafios.
Conforme Kant: “ Uma boa educação é justamente a fonte de todo o bem neste mundo. Os germes que são depositados no homem devem ser desenvolvidos sempre mais. Na verdade, não há nenhum princípio do mal nas disposições naturais do ser humano. A única causa do mal consiste em não submeter a natureza a normas. No homem não há germes, senão para o bem.” “A natureza humana pode aproximar-se pouco a pouco de seu fim apenas através dos esforços das pessoas dotadas de generosas inclinações, as quais se interessam pelo bem da sociedade e estão aptas para conceber como possível um estado de coisas melhor no futuro.” “Vivemos em uma época de disciplina, de cultura e de civilização, mas ela não é a da verdadeira moralidade.” “De fato, como poderíamos tomar os homens felizes, se não os tomamos morais e sábios?” “A educação e a instrução não devem ser puramente mecânicas, mas devem apoiar-se em princípios.”
Especialmente em Kant fica clara a preocupação para que o homem, através da educação, se torne prudente e que conquiste seu espaço na sociedade.
Conforme o Adorno de Auschwitz: “ Não podemos esquecer a sobrevivência, na capacidade de amar. O amor não deve ser absorvido por objetos; o amor deve sobrepor à frieza do ser humano, esta que já é inata, tão qual a capacidade de amar.”
“Pessoas que se enquadram cegamente em coletividades transformam-se em algo análogo à matéria bruta e omitem-se como seres autodeterminantes.” “Se eu precisasse converter esse caráter manipulativo numa fórmula – talvez não devesse fazê-lo, mas pode contribuir para um melhor entendimento – eu o chamaria “tipo com consciente coisificado.”
Adorno chama a atenção para o conceito de “consciência coisificada”, instituída pela indústria cultural, enfatizando que o ser humano a partir dessa disciplina rígida não se contamine pelos avanços tecnológicos a ponto de esquecer o respeito ao seu próximo.
Tanto Adorno, quando fala sobre Auschwitz, como uma das maiores atrocidades que a raça humana pode chegar, adverte que neste mundo onde as máquinas muito já ditam nosso comportamento, as pessoas cada vez mais distantes, frias, insensíveis e incapazes de amar. O autor nos alerta que a maneira mais segura de evitar a barbárie é investir numa educação que privilegie a singularidade de cada indivíduo, centrado na primeira infância, e depois com muito esclarecimento ir promovendo entre os sujeitos a auto-reflexão crítica, criando um clima espiritual, cultural e social, no qual os sujeitos já devem aprender desde cedo a idéia de não participação da barbárie.

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